segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Nunca te Perdi



Nome: “Nunca te Perdi”

Autora: Linda Howard

Nº de Páginas: 288

Editora: Saída de Emergência

Sinopse: “Milla Edge mudou-se recentemente para o México, onde o seu marido David, foi colocado como médico. A vida deles é um sonho. Acabaram de ter o primeiro filho, e estão tremendamente apaixonados. Ambos se deliciam com a nova vida, e Milla está no auge do seu brilho maternal quando lhe roubam o bebé Justin das suas próprias mãos.
Uma década mais tarde, Milla é uma mulher diferente. O casamento há muito que terminou e a sua vida é totalmente dedicada à Organização Não Governamental que lidera: Finders. À caça de criminosos, ela percorre os lugares mais desoladores do mundo à procura de crianças raptadas (incluíndo o seu filho que nunca aceitou perder). Dois homens cruzam o seu caminho: True Gallagher, um dos grandes mecenas da sua instituição, e Diaz um perigoso mercenário, tão interessante como misterioso.
Quanto mais Milla se aproxima das respostas, maiores são os perigos que enfrenta. E ninguém brinca com os cabecilhas das redes de tráfico infantil.”

***Pode conter Spoilers***

Opinião: Linda Howard, autora galardoada com inúmeros bestsellers do New York Times, apresenta-nos na obra “Nunca te Perdi” um tema sensível como o tráfico infantil.

Milla Edge muda para o México com o seu marido David, depois do mesmo ser colocado como médico num dos hospitais do país. Tudo parece correr às mil maravilhas, são um casal jovem e apaixonado, com uma criança fruto desse amor, porém esta felicidade sofre uma ruptura abrupta quando Justin é raptado.

Com o rapto, Milla torna-se numa mulher completamente distinta, pois juntando às mazelas físicas que recebe quando o seu filho lhe é arrancado, aglomeram-se as mazelas emocionais, que só um rapto de uma criança, que faz parte de uma mulher, pode provocar. Milla é uma lutadora e uma mulher persistente e, como tal, cria uma Organização Não Governamental, a Finders, que tem como finalidade encontrar pessoas desaparecidas.

Durante dez anos são poucas as pistas que tem sobre o filho e, embora seja muito boa naquilo que faz, a descobrir pessoas desaparecidas, acaba sempre por ir dar, no caso do filho, a becos sem saída. Contudo, tudo muda quando o seu caminho se cruza com um enigmático homem que a auxiliará no desvendar deste mistério e não só.

Esta obra foi uma surpresa bastante agradável, pois embora tenha acompanhado opiniões bastantes favoráveis, não esperava ficar tão arrebatada pela história como sucedeu. O tema do tráfico infantil é deveras sensível, mas a autora aborda-o de um modo soberbo, tal como na forma como descreve a insegurança, a impotência e o desgosto de Milla quando o seu menino lhe é retirado.

Quando iniciei esta leitura esperava encontrar um drama, mas acabei por ser confrontada com algo mais, com uma componente policial, romântica e também afectiva tremendamente bem escrita, de tal modo que é impossível não nos tocar.

Adorei o modo como a autora criou o enigma por detrás do tráfico infantil, tecendo toda a sua desenvoltura, o modo como era praticado, as pessoas que o tornavam possível e toda a carga emocional por detrás desta realidade. Esta componente da obra encontra-se de tal modo bem descrita e contextualizada que parece-nos que poderia realmente ter sucedido, o que aliado à carga emocional o torna deveras especial.

As personagens são outro ponto favorável da obra, Milla, a nossa personagem principal, é uma mulher cheia de garra, lutadora e persistente, que demonstra o amor incondicional que uma mãe sente pelo seu filho. Foi uma personagem que adorei conhecer e que me sensibilizou bastante, pelo modo como a autora nos descreve o desgosto, desespero, impotência e até o sentimento de culpa, que Milla invariavelmente sente, por lhe ter acontecido esta triste realidade. Penso ser impossível não ficarmos rendidos a esta incrível personagem, por nunca ter desistido de encontrar o seu menino, ao contrário do seu marido, de quem se divorciou pouco depois, pela sua coragem por ter criado uma organização para ajudar outras pessoas que, como ela, perderam alguém que amaram, até à sua força e perseverança para ir aos sítios mais improváveis e perigosos procurando a mais ínfima pista do seu pequeno Justin.

Outro personagem que me agradou muito foi Diaz, um perigoso mercenário, deveras misterioso, mas ao mesmo tempo arrebatador. Este personagem demonstra a forte influência que uma infância conturbada pode ter na concepção da personalidade de uma pessoa e na interacção interpessoal. Este é um personagem que transparece perigo, frieza, mas que à medida que o vamos conhecendo ficamos rendidos porque quando gosta realmente de alguém, faz tudo para que essa pessoa seja feliz, nem que para isso tenha de dar mais do que aquilo que irá receber.

Quanto aos culpados pelo tráfico infantil, que dez anos mais tarde se transforma em tráfico de órgãos, achei interessante a ligação que possuíam com Milla, mas considerei o seu desenrolar algo abrupto porque durante dez anos foi um completo mistério, onde polícia algum desconfiava sobre o que se passava e depois foram apanhados de um momento para o outro. Sei que as pessoas que tiveram por detrás da investigação eram muito boas naquilo que faziam e que tinha contactos para os prender, mas ainda assim pareceu-me uma prisão demasiado fácil depois de tanto mistério.

Relativamente ao final gostei mesmo muito. Demonstra-nos que por vezes amamos de tal modo alguém que temos de a deixar ir, por ser o mais acertado, ainda que seja muito doloroso. Ensina-nos que o amor poderá estar nas pessoas e locais mais improváveis e que nunca devemos desistir de ser felizes, de acreditar em nós mesmos e nos nossos ideais, pois não há impossíveis, simplesmente objectivos mais difíceis de alcançar do que outros.

Numa escrita compulsiva, com a dose certa de mistério, suspense, romance e emotividade, Linda Howard presenteia-nos com uma história repleta de emoções fortes, de amor incondicional, de luta e perseverança. Uma obra altamente recomendada!

Avaliação: 4/5 (Gostei Bastante!)

4 comentários:

  1. Olá,

    Bem já tinha ouvido falar bem deste livro e desta escritora, mas depois de ler este comentário fiquei decidido que tenho mesmo que o ler.

    Já sabes, se poderes quando formos tomar café trás, nem que seja para a Luísa ler primeiro :D

    Parece-me que só não leva nada pelo forma abrupta que os raptores são capturados e pouco desenvolvidos certo ?

    Muito bem, excelente comentário, embora com alguns spoilers, mas por vezes as coisas são previsíveis e a forma como se chega até lá é que torna tudo muito bonito (estou a ver que vou deitar uma ou outra lagrimazita :D ).

    PS: No resumo tens escrito opinião ;)

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    1. Olá Paulo. :)

      Pessoalmente gostei mesmo muito e lamento ter-me deixado levar e ter contido alguns spoilers, mas há certos livros em que queremos falar sobre tanta coisa que acabamos invariavelmente por mencionar mais aspectos do que os que deveríamos. Sendo assim, vou colocar na opinião que poderá conter spoilers, obrigada pela chamada de atenção. :)

      Ok, quando for para Lisboa já o levo. :D

      Pelo menos eu considerei isso, pelo menos no modo como são capturados. No desenvolvimento não peca assim tanto, até porque quase desde o início sabemos quem são...

      Eu não consegui conter uma lágrima ou outra. :P

      Nem tinha reparado, obrigada. :) Como escrevo sempre primeiro a opinião e só depois vou buscar as outras informações, escapou-me.

      Beijinhos

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  2. Olá Rita,
    Parabéns pela magnífica opinião! Conseguiste destacar tudo o que me comoveu neste livro. Adorei a Milla e a sua decisão triste mas compreensível no final assim como aquele "abrir de porta" ( não sei estás a ver a que me estou a referir) no final dos finais. Acho que deitei uma lágrima aí!

    Beijinho*

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    1. Olá Jojo. :)

      Obrigada pelas simpáticas palavras. Fico contente por ter conseguido transparecer tudo o que senti ao ler esta obra tão especial.

      A Milla é uma personagem incrível e está tão bem retratada que me sensibilizou bastante. :) Concordo contigo, foi uma decisão dolorosa, triste e nem consigo imaginar o que ela haverá sentido, contudo foi, na minha opinião, a decisão mais sensata e de uma coragem enorme. Adorei também o "abrir porta", tinha alguma expectativa que isso pudesse acontecer, mas fiquei bastante feliz por ambos. :) Também acho que deitei uma lagrimita nesse momento.

      Beijinhos*

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