sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Frases Mágicas (3)



“People tend to complicate their own lives, as if living weren't already complicated enough.” 

in "A Sombra do Vento" de Carlos Ruiz Zafón

sábado, 19 de novembro de 2011

O Fim da Inocência


Nome: "O Fim da Inocência - Diário secreto de uma adolescente portuguesa"

Autor: Francisco Salgueiro

Nº de Páginas: 224

Editora: Oficina do Livro


Sinopse: "Aos olhos do mundo, Inês é a menina perfeita. Frequenta um dos melhores colégios nos arredores de Lisboa e relaciona-se com filhos de embaixadores e presidentes de grandes empresas. Por detrás das aparências, a realidade é outra, e bem distinta. Inês e os seus amigos são consumidores regulares de drogas, participam em arriscados jogos sexuais e utilizam desregradamente a internet, transformando as suas vidas numa espiral marcada pelo descontrolo físico e emocional. 
Francisco Salgueiro dá voz à história real e chocante de uma adolescente portuguesa, contada na primeira pessoa. Um aviso para os pais estarem mais atentos ao que se passa nas suas casas."

Opinião: Inês, a nossa personagem principal e narradora, é uma adolescente oriunda da classe média alta, filha de pais divorciados, estudante num dos melhores colégios de Lisboa, sendo considerada perfeita, tal como os colegas que a rodeiam.
“O fim da inocência” é a história verídica de Inês (nome fictício) e dos seus dois melhores amigos, onde conhecemos as suas vidas e todos os problemas em que se meteram, desde começar a vida sexual precocemente, iniciarem-se nas drogas, utilizarem as redes sociais e a internet com o pior dos propósitos, entre tantos outros exemplos.

Este livro nunca me havia chamado à atenção, nem me recordo de o ter visto à venda ou de se ter falado dele, mas segundo o que pesquisei foi muito divulgado, tendo sido dos livros mais vendidos durante algum tempo. Tive oportunidade de o ler numa troca de livros com uma amiga, mas infelizmente fiquei desiludida com o mesmo, possivelmente por me terem colocado com grandes expectativas ou por ser supostamente representativo da minha geração.

Afirmo ter ficado desiludida por várias razões. A primeira e para mim a mais importante é por o autor e mesmo a Inês darem a entender que tudo o que lhe sucede é uma realidade intrínseca à geração nascida depois de 90, coisa que não posso concordar de forma alguma. Claro que coisas destas acontecem, não sou ingénua para pensar que não, mas são uma excepção e não uma regra. Poderia considerar este livro como somente um relato de uma rapariga rica, a quem os pais não deram a atenção que precisava e não a informaram convenientemente, se o autor não tivesse generalizado e mesmo assim penso que somos uma geração bastante informada, que sabe os efeitos nocivos das redes sociais, das drogas e tudo mais, pois repetidamente se fala nestas realidades.

Por outro lado, o livro é portador de um cariz sexual exagerado, que me fez alguma confusão, não tanto pelas cenas em si, mas mais pela linguagem e vulgaridade existentes nesses momentos. Constantemente somos assaltados por cenas ou pensamentos deste cariz, o que subentende que a vida da nossa narradora se gere em volta desta realidade, mas mais importante que isso pela linguagem utilizada, pois por muito que a Inês considera-se sexo um tema banal, penso que nunca falaria daquela forma e não encararia o acto de forma tão fria.

Não consegui gostar muito da nossa narradora. Senti que era uma pessoa sofrida, que se viu enganada por diversas vezes, mas a forma como ela vê a vida, a forma como gere os desgostos e como tenta ser feliz, deixaram-me sempre de pé a atrás. Já para não falar que quando conhece a Rita (novamente nome fictício), uma rapariga tímida, educada, com quem os pais foram rigorosos e tentaram ao máximo protegê-la, transforma-a numa réplica dela e mesmo depois de tudo o que passou, consegue sentir-se feliz com o que fez à melhor amiga.

Os aspectos positivos são o fim, que achei adequado e a promessa que iria haver uma mudança nas vidas destas pessoas. Também gostei da mensagem  que as redes sociais são perigosas, quando não utilizadas da melhor forma, e que a liberdade dada aos nossos filhos deve ser gerida da melhor forma, que devemos sempre informá-los ao máximo e dar-lhes a atenção que eles precisam, mas que fundamentalmente merecem.

“O fim da inocência” foi, assim, um livro que não me preencheu as medidas e que não posso dizer que aconselho. Sei que a minha opinião é somente uma entre muitas, li bastantes opiniões positivas sobre ele, contudo não consigo abstrair-me de todos os aspectos negativos que lhe encontrei.

Avaliação: 1.5/5 (Não Gostei!)

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Casada à Força


Nome: "Casada à Força"

Autora: Leila

Nº de Páginas: 245

Editora: Bertrand Editora

Sinopse: "Ainda hoje em França mais de 50 mil mulheres são vítimas de casamento forçado. Em França, como noutras numerosas regiões do mundo, adolescentes e jovens mulheres são ainda hoje obrigadas a aceitar casar com um homem que não escolheram e que nunca conheceram. Esta é a história impressionante de Leila que aos 20 anos sonhou casar por amor. No entanto, um homem - que ela nunca antes vira e 15 anos mais velho - é-lhe imposto pelos pais como aquele com quem terá que partilhar a sua vida. O casamento realiza-se em Marrocos e é registado legalmente em França, contra todos os esforços de Leila que suplica até ao último minuto contra aquela decisão. E o homem que é agora o seu marido vai submetê-la ao seu domínio e à sua vontade. Com uma coragem inaudita, Leila vai-se bater contra o poder da tradição, lutando para resgatar a sua liberdade e dignidade. Actualmente já não vive com o marido e está a desencadear o pedido de divórcio..."

Opinião: “Casada à força” retrata a realidade de muitas muçulmanas que se vêem confrontadas com um casamento por oposição dos pais, um casamento por conveniência.

Leila sempre foi uma rapariga que se opôs aos valores muçulmanos porque tendo ela nacionalidade Francesa e vivendo na década de 90, considerava que os ideais que lhe tentavam incutir eram antiquados e que merecia ter uma vida como a das suas amigas. Contudo, os pais não concordavam que ela respondesse, que fumasse e outros factores considerados promíscuos pela religião, agredindo-a para lhe transmitir esses mesmos valores. Resiste até ao fim, com uma tenacidade incrível, não se deixando levar pelos ideais dos pais, até ao dia em que se vê confrontada com um casamento imposto, que aparentemente só desgostos lhe tem a oferecer.

Gostei do livro por nos falar desta realidade, que embora tivesse noção que assim era, contado na primeira pessoa e sendo uma história verídica, tem sempre outra força e outro impacto na forma como a vemos. Tinha noção que a religião muçulmana era muito rígida para com o sexo feminino e que havia estes casamentos arranjados, mas nunca pensei que fosse uma realidade assim tão dura. Algumas descrições de espancamentos e de proibições fizeram-me muita confusão, pois são de uma desumanidade indescritível e o pior é que mesmo hoje, em pleno século XXI, ainda acontecem estas coisas, embora não sejam expostas, porque, como Leila frisa, são pecado e uma vergonha para a comunidade.

Os aspectos positivos que ressalvo deste livro são a exposição desta realidade, que me fez compreender um pouco melhor o que tantas mulheres muçulmanas são obrigadas a passar e compreender um pouco mais a religião, pois desconhecia que a violência era permitida pelo Corão. A tenacidade e perseverança de Leila, porque chegou aos 24 anos com mais amarguras que uma pessoa de meia-idade e que mesmo assim teve força para aguentar e erguer-se.

O aspecto negativo seria, se calhar, alguns momentos que achei exagerados ou quiçá forçados, especialmente quando referem a última depressão de Leila. Contudo, penso ser compreensível que algumas das memórias que a nossa narradora possui não sejam muito nítidas, pois ou foram contadas por outras pessoas ou ela recorda-se somente de excertos do que se passou.

“Casada à força” é, desta feita, um livro que nos mostra uma realidade ainda patente nos dias que correm e que nos faz reflectir.

Avaliação: 3/5 (Gostei!)